O
turismo é um campo bastante abrangente, onde as diversas áreas de que é
composto, muitas vezes se apresentam em situações de nosso cotidiano, como por
exemplo, transporte e alimentação. Por isso se enxergarmos o turismo como uma
ferramenta de grande importância, automaticamente estaremos beneficiando
diversos outros campos de nossa vida. Ao pensarmos na acessibilidade no
turismo, é necessário pensarmos na adequação de um ciclo de serviços e produtos
turísticos, desde a oferta da atividade, até o retorno do cliente ao local de
origem.
Na
sociedade brasileira, o conceito de acessibilidade e inclusão não é algo
presente na maioria das situações, pelo contrário. Algumas empresas turísticas
que tem seus estabelecimentos ou serviços adaptados a esse segmento de público,
por vezes não costumam identificar em seus materiais de divulgação, este
pequeno detalhe. Desta maneira este grande diferencial que foi trabalhado,
acaba passando em branco não só aos olhos dos clientes que se interessariam por
esta característica, mas também por terceiros que poderiam indicá-lo a outras
pessoas. Em contrapartida, muitos que se dizem adaptados e com acessibilidade,
não apresentam essas qualidades satisfatoriamente, na maioria das vezes por
falta de conhecimento técnico.
Em
outra situação, como foi citado no início do texto, o transporte é outra
questão muito presente no turismo e no cotidiano de todas as pessoas. Diversos
são os tipos de transporte, sejam através de aviões, ônibus, trens, navios ou
mesmo itens relacionados à veículos particulares, como por exemplo, a
existência de vagas de estacionamento reservadas. Para todos eles, a falta de
acessibilidade é um fator que inibe muito a prática do turismo. Não adianta um
destino altamente qualificado em questões de acessibilidade, se não existe
transporte adequado até o local.
Os
estabelecimentos relacionados à alimentação, como bares e restaurantes, também
são peças fundamentais. Diversos são os pontos que se deve prestar atenção, e
não somente ao acesso dos locais. Pessoas usuárias de cadeira de rodas,
encontram muita dificuldade nas mesas do estabelecimento, quando não conseguem
posicionar sua cadeira de forma correta, devido à estrutura da mesa. Serviços
de buffets, na maioria das vezes apresentam as bandejas onde são colocados os alimentos,
de uma forma inacessível para uma pessoa com dificuldades físicas. Confeccionar
ao menos um cardápio em Braille por estabelecimento, não representa uma quebra
no orçamento do restaurante, mas sim oferecer dignidade ao cliente com
deficiência visual na hora de escolher sua refeição.
Em
diversas atividades, se faz necessário o uso de estabelecimentos e equipamentos
paras transações financeiras. Os bancos com porta giratórias e os quiosques de
caixas eletrônicos, dificultam muito o acesso de cadeira de rodas. No caso dos
bancos, oferecem um acesso alternativo através de uma porta convencional, porém
muitas vezes o tempo para abertura desta porta, é excessivamente demorado.
Diversos outros problemas podem ser verificados, desde máquinas de cartões ligadas
por fio, mas que ficam instaladas em locais sem acessibilidade até a falta de
segurança de uma pessoa com deficiência visual, na impossibilidade de conferir
o dinheiro sacado. Infinito são os problemas, poucas são as soluções.
Falando
um pouco sobre estabelecimentos que são construídos fora das normas de
acessibilidade, existem falhas que são desvantajosas tanto ao proprietário
quanto ao usuário. Posso citar como exemplo, um Shopping Center recentemente
construído, onde havia um desnível com três degraus, e para fornecer
acessibilidade, instalaram uma plataforma elevatória. Porém o local tinha
espaço físico suficiente para construir uma rampa seguindo as normas de
acessibilidade, que fazendo uma análise, teria um custo muito menor com uma
maior funcionalidade. O equipamento necessitava da chave que ficava de posse do
segurança, mas que não sabia como operá-lo.
Os
eventos como feiras, congressos, festas ou até mesmo acontecimentos de grande
portes como shows em estádios e mega eventos esportivos, também estão sob os
cuidados de diversos profissionais, inclusive do turismo. Pessoas com
deficiência participam de todos os tipos de evento, algumas vezes não só como
participantes, mas também como organizadores e palestrantes. Ter acesso para
subir ao palco, um intérprete de libras ou a programação do evento em Braille,
são itens que devem fazer parte básica da organização. Um grande show musical,
onde as pessoas assistem à apresentação de pé, se não houver um espaço
reservado para pessoas de cadeira de rodas ou nanismo, acaba se tornando
inviável, pois apesar de ser uma apresentação musical, onde o sentido mais
utilizado é a audição, os espectadores também querem ver quem está cantando.
Como
já dito anteriormente, o turismo é uma atividade multidisciplinar, agregando
conhecimentos e experiências de diversos campos para fornecer uma experiência
única. Então, devido a essa grande diversidade, é que o turismo consegue ter um
grande poder de inclusão na sociedade. Visitar um museu ou exposição, não é
somente um momento de lazer, mas também estamos adquirindo conhecimento de uma
forma bastante espontânea. Praticar atividades esportivas ou de aventura, são
atividades que engrandecem qualquer tipo de pessoa. Elas ensinam questões como
desafio e perseverança, princípios que se incorporarmos para outras áreas de
nossa vida, podem trazer grandes resultados, ainda mais para uma pessoa com
deficiência, onde os desafios encontrados no cotidiano são bem maiores, além do
benefício físico, pois estamos exercitando nosso corpo. O lazer é uma forma de
terapia, pois na corrida frenética do trabalho somos bastante exigidos para
alcançar o sucesso, deixando nossa cabeça à beira de uma crise de stress, que
muitas vezes tem reflexos indesejáveis em nosso corpo. Diante destes exemplos
práticos, conseguimos visualizar melhor, que o turismo não é um item supérfluo,
mas é visto dessa maneira devido ser uma atividade bastante agradável, ao
contrário de outras necessidades como o trabalho, estudo e saúde, que muitas
vezes são vistas como obrigações.
O
Brasil é um país de enorme potencial turístico, porém ainda pouco explorado. Se
um planejamento adequado for realizado em cima desta oportunidade, além de
abrirmos caminhos para promover acessibilidade e inclusão em diversos campos da
sociedade, também diversas oportunidades de emprego serão geradas, beneficiando
a todos.
Fonte:
II Conferencia Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência. CONADE
/Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Brasília, p. 11-12, dezembro 2008.
Por
Sarah Maia Fernandes
Wellington, fique muito feliz por tua visita ao meu blog e pela chance de "conhecê-lo", li quase todo o teu blog, sua luta e superação. Tenho um filho da sua idade e vou mostrar a ele sua história como exemplo de vida.
ResponderExcluirParabéns!!