Calma, não me envolvi em nenhuma briga, nem joguei minha cadeira de rodas na cabeça de ninguém. Esse foi um termo que criei para expressar o direito de furar fila por ser cadeirante. É como um sinônimo da famosa "carteirada", que o povo da área jurídica usa para dizer que é melhor que todo mundo e não precisa enfrentar fila (é o caso de promotores, juízes, e até oficiais de justiça). Ah, policiais em geral também tem essa mania (nada contra, mas tem gente que abusa).
Há um tempo queria falar desse assunto e vou aproveitar os acontecimentos dos últimos dias pra postar aqui.
Esse final de semana meus amigos me chamaram pra assistir uma peça no teatro municipal, era do grupo Pastoril Profano, o qual gosto bastante por ter um elenco super divertido. Na oportunidade, havia uma enorme fila na porta do teatro, porém meus amigos falaram com o pessoal da produção e aí demos uma “cadeirada”. ( furamos a fila e fomos os primeiros a entrar, de quebra ainda nos acomodamos nos melhores lugares da platéia).
Mas a “cadeirada” também gera polêmica. Afinal, nem todo lugar é obrigado a dar preferência pra deficiente, idoso ou grávida, mas é uma questão de bom senso.
Mas mesmo assim ainda tem gente que torce o nariz quando vê um cara jovem, bonitão e sentado passando na frente (jovem e bonitão foi por minha conta). Aposto que tem muita gente que pensa: "um cara novo, sentado, nem tá fazendo esforço, não precisava furar fila. É um oportunista..." Aí que mora o problema da falta de informação. A grande maioria das pessoas não sabe das dores e incomodo que muitos de nós sentimos ao ficar muito tempo na mesma posição, sem poder passar pra outra cadeira ou levantar o corpo. Ainda mais eu, que tenho escara e uso sonda.
Mas mesmo assim, mesmo sabendo que vou sofrer um pouco mais, algumas vezes eu pego fila, não pra satisfazer um sem noção que acha que tô errado furando fila, mas pra ter bom senso e até mesmo me incluir, ficar no meio do povo. Se estiver com um amigo então, tem aquele lance de bater um papo, reparar nas pessoas da fila ou zuar com um outro colega. Mas que uma “cadeirada” de vez em quando é bom, ah isso é. Se tiver alguém junto ainda pega carona, e a gente tira uma onda: "a fila tá grande? Peraí que vou dar uma cadeirada!"
Desse jeito a gente até arruma mais amigos!